Um viajante encontrou a casa de um beduíno perdida no meio do deserto. Este não tinha mais do que um pouco de leite de cabra, que não saciou a fome do hóspede.
Nisto, o beduíno disse à esposa:
“Mata a cabra.”
“Marido, é tudo o que temos, sem ela morreremos de fome.”
“Antes morrer de fome que deixar o nosso hóspede faminto. Mata a cabra, mulher!”
A cabra foi morta, cozinhada e servida.
Na hora da partida, o hóspede disse ao seu criado:
“Dá ao nosso anfitrião tudo o que contigo trazes.”
“Mas, Senhor, tamanha riqueza por uma cabra apenas?”, questionou o servo.
“É verdade. No entanto, este bom homem deu-nos tudo o que possuía e nós pouco lhe estamos a dar. A sua generosidade é muito superior à nossa.”
Mubarak estava em Meca. Numa noite sonhou que dois anjos conversavam entre si:
― Quantos peregrinos tivemos este ano? – perguntou um.
― Um milhão – respondeu o outro.
― De quantos foi a peregrinação aceita?
― De nenhum deles, mas existe na cidade de Damasco um pobre sapateiro de nome Mufiq, que não esteve em Meca e a quem foi concedida a graça do milhão que esteve.
Despertando, Mubarak, determinou-se a deslocar-se a Damasco para conhecer o homem e os motivos de tal graça.
Encontrando-o, narrou-lhe o sonho, ao que o sapateiro lhe disse com as lágrimas nos olhos:
Durante trinta anos, com muito esforço e muitas dificuldades, poupei algumas centenas de moedas para fazer a peregrinação.
No entanto, descobri que meus vizinhos e seus pequenos e indefesos filhos passavam fome.
Entreguei-lhes as moedas e disse-lhes: “Tomai, esta é a minha peregrinação”.